Livro de Cátia Isotton Nachbar
Clarice não imaginava ter um passado repleto de mistérios, que poderiam lhe custar a vida. O breu em sua lembrança, cuidadosamente ocultado por aqueles que a amavam, revelou-se o mais tenebroso e arriscado destino, uma dádiva – ou uma terrível má sorte – que ela não estava preparada para aceitar ou assumir. Era impossível escapar. Não poderia fugir do confronto com seus inimigos, habitantes irreais de outra dimensão, seres sobrenaturais – horrendos, disformes e sanguinários – fiéis a um mestre das trevas que só carrega um objetivo: matá-la e usurpar seu poder, um poder que ela jamais sonhara ter, um dom próximo ao divino, ao infinito. Porém, além de sobreviver, ela precisará resgatar alguém que tem nela sua única esperança de vida: uma irmã, sequestrada pelo demônio-mor. Conseguirão as gêmeas escapar das garras do inimigo e restabelecer o equilíbrio em Brahnac?
Assim que tem
Brahnac em mãos, o leitor sente um primeiro impacto: o volume do livro. Sim, Cátia conta a aventura de Clarice em mais de 700 páginas (alguns afirmam que jovens não curtem livros grossos, mas essa crença já foi desmentida há tempos, inclusive pelas inúmeras fãs adolescentes de Paula Pimenta, escritora de sucesso que tem livros de até 600 páginas). Já tendo se acostumado ao peso de
Brahnac, o leitor passa a dirigir sua admiração para a qualidade da publicação: a capa tem laminação brilhosa e uma gravura belíssima e cheia de significado; a diagramação e a fonte escolhida são perfeitas; o acabamento é em costura...

A história pode ser dividida em duas partes. Na primeira, que ocupa pouco menos de 1/3 do livro, entramos em contato com a rotina adolescente de Clarice. Acompanhando o dia a dia da personagem, conhecemos seus amigos, sua escola, seus anseios e desejos... Em determinado momento, surge o misterioso Alan, um professor de arco e flecha que faz Clarice balançar entre o desprezo e o encantamento, tornando a trama bem interessante. Bia, melhor amiga da protagonista, fecha o trio central da primeira parte, que é permeada pelas estranhas e instigantes visões de Clarice. O elo com o segundo segmento do livro é feito por uma série de revelações bombásticas, ocasião em que a protagonista percebe viver em um mundo de ilusões. Tudo à sua volta parece ser uma espécie de encenação, o que deixa o leitor bastante surpreso.