É a passividade de não lutar que deve ser banida
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Disperazione, do artista italiano Mauro Brilli |
Eu me deparei com uma postagem da escritora Gisele Aparecida Pereira da Silva, autora do livro
June, e me identifiquei de imediato com o texto. A sintonia de ideias foi tanta, que resolvi transcrever as palavras dela aqui no blog e, além disso, promover seu livro. Mas não sem antes fazer umas indagações.
Quem causa mais indignação? O flanelinha ou o motorista que se dispõe a pagá-lo? O político ladrão ou os eleitores que votam no safado? O policial que pede uma “cerveja” ou o subornador? O traficante ou o comprador de drogas? Os produtores dos programas televisivos de quinta categoria ou os telespectadores que os assistem? De minha parte, respondo que é sempre a segunda opção, pois, no meu modo de ver as coisas, o mundo não é dividido entre oprimidos coitadinhos e opressores malvados que trucidam suas pobres vítimas sem piedade (quem já leu meu livro sabe que tenho uma visão bem distante do maniqueísmo). Se o mundo é uma titica, a culpa é de todos. Em geral, o “oprimido” está nessa condição por conveniência ou porque plantou a situação para si; e o “opressor” age como age por existir uma demanda por “opressão”, ou porque o “oprimido” tem uma conivência velada com o próprio “opressor”, ou porque a coletividade tem uma preguiça estúpida de se rebelar contra o que é sabidamente errado... Bem... A Gisele não tem nada a ver com o que estou falando rs. As palavras dela só me remeteram a esse discurso que eu cultivo há tempos. Quem quiser conhecer o que essa escritora realmente tem a dizer (e parece ser algo muito bom) leia o texto abaixo.
Um grande abraço!
Na sequência, o TEXTO DA GISELE, extraído
deste endereço.

Quando leio os jornais ou ligo a TV, sempre me questiono, sem pudor algum, o que realmente somos para tolerarmos tanta futilidade... É sempre a mesma coisa: uma mulher que ficou famosa por alguns dias, tirando fotos caseiras nuas e postando no
Twitter; alguém que estava sambando em alguma quadra e “mostrou demais”; agressão a policiais; agressões de policiais; futebol; e um certo diretor de uma certa rede global de TV falando sobre uma certo programinha, famoso neste ano por conta de uma certa notícia de estupro...
Esse liquidificador de falta de gosto me recordou o trecho do livro, que resolvi colar abaixo... Acho que não há muita diferença entre ser um escravo, como June descreve, e um bando de ouvintes, leitores ou telespectadores que se sujeitam a alimentar esse tipo de mídia, pois afinal de contas, a UOL somente é UOL porque nós, os consumidores, a tornamos UOL; a Rede Globo somente é Rede Globo porque a tornamos Rede Globo; a política brasileira é vergonhosa porque nós, brasileiros, a deixamos se tornar vergonhosa...
Não é o ato de escravizar que deve ser combatido... É a passividade de não lutar que deve ser banida... Portanto... acho que o
trecho abaixo nada mais é que uma dica...