22/01/2011

Entrevista com Eliana Leal

Literatura e escola sufi



Nunca Abra Mão dos Seus Sonhos

Entrevista concedida por Eliana Leal a
Ana Paula Buarque de Gusmão

(*) Publicada originalmente no site da Editora Caravansarai


Como surgiu a ideia de escrever "Nunca Abra Mão dos Seus Sonhos"?
A ideia de escrever já nasceu comigo. A primeira tentativa de escrever um livro aconteceu assim que aprendi a ler. Só que eu não gostava muito de mostrar os meus escritos. A vontade de mostrar o que escrevia demorou muito a acontecer e quando resolvi "botar meu bloco na rua" elaborei, pela primeira vez na vida, um texto com início, meio e fim. Mostrei para algumas pessoas, gostaram e eu segui escrevendo. Depois, houve uma indicação do meu mestre sufi, Omar Ali Shah, de que um, na época, recém-criado grupo de escritores da escola a qual pertenço escrevesse para as pessoas de fora da escola sobre as regras sufis. Obedeci e escrevi Nunca Abra Mão dos Seus Sonhos.

Como você definiria essa escola sufi a qual pertence?
Não definiria. É uma escola muito difícil de descrever, pois é bastante, digamos assim, vivencial. Certa vez, li em um livro que só se entende o sufismo estando-se numa escola sufi. Poderia dizer apenas que é uma escola de desenvolvimento espiritual. Que não é uma religião, nem uma seita, nem evidentemente um clube. Poderíamos dizer que é uma filosofia a ser vivida, a ser praticada, enfim, a ser "comida".

O que você chama de sonho no livro?
Chamo de meta, de objetivo na vida, de missão, função neste planeta. Penso que não é por acaso que estamos aqui e que temos a obrigação, perante o universo que nos criou, de fazer a nossa parte. Para isso, fomos municiados com um corpo e uma mente capaz de realizar essa função. Cabe a nós descobri-la e cumpri-la. E essa função parece ser aquele sonho que temos bem escondidinho num canto, às vezes obscuro, de nossa mente.

Existiu alguma motivação para o personagem principal ser um hacker?
Confesso que tenho uma certa atração pelos hackers. Penso que eles invadem o sistema, derrubam seguranças e expõem os poderosos ao ridículo. E, ao contrário dos criminosos comuns, eles não agridem fisicamente ninguém. O foco do ataque deles sempre é virtual. E geralmente a grandes empresas. É claro que não podemos confundir um hacker com um cracker. As pessoas costumam confundir, mas um hackerhacker e sim de cracker. nunca causa dano algum. Ele, por exemplo, não dissemina um vírus. Se um deles fizer isso, não é mais chamado de

Que efeito você acha que os condicionamentos fazem em nosso cotidiano?
Todos. Somos seres absolutamente condicionados. Desde que nascemos somos bombardeados com condicionamentos. É claro que muitos deles fazem com que consigamos permanecer vivos. Porque condicionamento não é só o negativo. É importante o condicionamento de olharmos para ver se vem carro quando atravessamos a rua. É útil o condicionamento de conferir o troco, de pagar as contas, etc. Mas existem muitos condicionamentos que só fazem nos atrapalhar e nos limitar. Só que, na busca de nos desvencilharmos dos condicionamentos inúteis, nos arriscamos, às vezes, a cair em outros que podem ser tão ou mais negativos dos que os anteriores. Acho essa busca pela quebra de alguns condicionamentos extremamente necessária, porém bastante perigosa. Há que se tomar muito cuidado.

O que é viver para você?
Viver é aprender, descobrindo os caminhos possíveis, trilhando rotas absurdas, voltando, contornando e encontrando às vezes caminhos floridos, caminhos com coração e tentando permanecer neles, o que às vezes não conseguimos. Aí temos que voltar a descobrir caminhos possíveis ... Viver é o maior barato. Eu adoro viver. Acho uma experiência maravilhosa, cada vez gosto mais, graças a Deus!

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