Texto de Leonardo Zegur
Olá, amigos!
Vocês conhecem o escritor Leonardo Zegur? Ele é o autor do livro Um Lugar Escuro e tem uma tendência natural para a polêmica, sendo bastante articulado ao defender seus pontos de vista. Fiquei muito feliz por ele compartilhar com o Recanto o texto abaixo, de sua autoria. Vale a pena ler e comentar. E então? O que acham da visão do Leonardo sobre a mania brasileira de supervalorizar o que vem de fora e desprezar o que é nosso? Vocês acham que isso realmente ocorre?
Obs.: quem quiser conhecer melhor o Leonardo basta olhar seu perfil na aba Autores amigos.
Hoje vou falar de um dos assuntos que mais me incomoda. A imprestabilidade de tudo o que é brasileiro. Porque não valorizamos nossa cultura? Porque ouvimos mais Hip-Hop que MPB? Porque Gisele Bündchen não é mulata? Ou nossa segunda língua não é hispânica? Há alguma coisa de errado com tudo o que é brasileiro, porque, se é brasileiro, não presta!
A própria literatura, por exemplo. Preferimos dar valor a livros internacionais, culpando as editoras de publicá-los em massa, deixando-nos poucas opções nacionais de leitura. Desculpinha esfarrapada essa, né? Já pensou se deixássemos de procurar bem um marido porque a maioria dos homens são cafajestes? Pelo amor de Deus, né? Por menor que seja a oferta, submetemo-nos a livros internacionais porque não valorizamos o que temos em casa. É aquele velho papo: “adoro ler livros estrangeiros porque me fazem viajar por lugares que nunca fui”. Jura? Vidas Secas, de Graciliano Ramos, te levará ao sertão nordestino, que, aposto, a patricinha de São Paulo nunca viu.
Ainda no campo da literatura, me pergunto porque diminuímos tanto nosso potencial, comprando coisas que deixaram de ser arte literária para serem produtos comercializáveis. Harry Potter, Crepúsculo... produtos feitos para gerar lucro. Oh! Claro, não se vive sem dinheiro (entendo, não tiro meus pés do chão), mas e sem arte? E não sejamos hipócritas de dizer que não acontece. Ouçam as músicas de hoje e as de antes da Revolução Industrial. Será, realmente, que nada mudou pra pior?
Será realmente que vale a pena pôr todo o valor cultural abaixo em prol do entretenimento? Sim, porque a maioria das pessoas que leem livros desse tipo não leem para mais nada, a não ser passar o tempo. Vivendo como se a vida fosse uma batalha mediúnica contra o relógio, onde precisamos correr, fazendo com que a maior quantidade de tempo passe o mais rápido possível. E depois, no final da vida, o que fica? Já li livros que me transformaram como pessoa. E não me refiro a autoajuda, não! Digo Olhai os Lírios do Campo, de Érico Veríssimo. Ok, nem todo livro precisa ser uma obra-prima, mas precisamos mesmo de literatura comercial, de livros escritos em 6 meses?
Por que idolatrar tanto o que vem de fora se lá fora o Brasil é mais respeitado que aqui dentro? Não há mal em nos deixarmos influenciar por novas culturas - pois o importante é crescer, evoluir - mas sem perder nossas características principais. Curtir rock e só ouvir Iron Maiden, Audioslave, Deep Purple, Kiss e o caramba não é ser roqueiro, é ser bajulador de estrangeiro. Por que não ouvir Angra, Pitty, CPM22, Charlie Brown Jr , Capital Inicial, Skank? Ou pelo menos rock latino? O rock argentino é um dos melhores do mundo, mas sequer o ouvimos nas rádios.
Até a moda brasileira está em baixa no Brasil. Veja os desfiles do Fashion Week. Enquanto lá fora se veste de forma cada vez mais abrasileirada, aqui queremos americanizar. Por esses dias li uma frase de Armoni dizendo que, no exterior, o Brasil é visto como um país sensual, que exalta a beleza. E é esse valor que o consumidor europeu procura quando compra a etiqueta Made in Brazil. E isso não é só com moda, livros e música... Vejam o comportamento, a cultura, os filmes, o padrão de beleza e até o que um povo tem de maior valor: sua língua. Há alguma coisa errada com tudo o que é brasileiro, porque, se é brasileiro, não presta!
Olá amigos do Recanto.
ResponderExcluirÉ um prazer pra mim conhecer autoras brasileiros e, ao contrário do que faz a maioria dos leitores, não acho que os estrangeiros sejam o "must".
Concordo plenamente como Leonardo e com a filosofia deste blog que é valorizar a literatura brasileira.
Na minha opinião(e com ela e mais R$1,0 é capaz de ue nem conseguir tomar um cafezinho rsrsr) essa menosprezo por tudo que é brasileiro tem muito a ver com a questão etnocêntrica sob a qual a sociedade brasileira se enraizou. O próprio Leonardo pergunta: "Por que Gisele Bündchen não é mulata?" Não precisa dizer mais nada, né! O mesmo ocorre com a moda, a música, a linguagem, e por aí vai.
Além de tudo, há a questão comercial da produção literária e do setor editorial, o resultado está aí em toda a blogosfera pra quem quiser ver.
Bem,abraços ao Sérgio, a Luzia e todos os amigos do Recanto que tem me dado o prazer da companhia lá no Ideias de Canário.
bjokk,
Cármen Machado.
O tema é profundo, dá muito pano pra manga e é bastante polêmico, de certa perspectiva. Mas, é sobretudo, de relevância extrema.
ResponderExcluirA preocupação com o que é nacional é uma herança que vem, nas artes ao menos, desde os modernistas e parece ter se perpetuado com Leonardo Zegur - fato que está muito explícito em sua obra, "Um Lugar Escuro."
Sobre a delicada questão, permita-me dizer o que penso: devemos procurar uma coexistência cultural. Sim. Logo o Brasil que é um país tão multifacetado culturalmente, não deve estreitar suas portas, mas não escancará-las a ponto de se quebrarem. Como foi fito no artigo, é ouvir Iron Maiden mas também ouvir Angra, ler Machado de Assis e Leonardo Zegur (claro, porque nem só dos "medalhões" vive a literatura) mas também ler Stephen King e J.K. Rowling. Na prática, tentar manter o justo equilíbrio que os antigos gregos tanto procuravam. Pois, se por um lado tentamos valorizar nossa cultura a ponto de se excluir o que não é nosso, vamos estar sendo xenófobos culturais - e é aí que mora o perigo: nos tornarmos nazistas da cultura. Claro, o inverso também deve ser repudiado (que é o que não acontece muito, infelizmente). Não vamos exaltar o que é de fora a ponto de se esquecer o que é de dentro. Equilíbrio, eis a palavra. Afinal, Os Novos Baianos, Angra e Os Mutantes - bandas 100% brazucas - incorporam elementos nacionais da música ao bom e velho rock dos EUA e UK. E por falar nisso, penso às vezes que a questão não está tanto no "fazer brasileiro", mas sim no "ser brasileiro." Porque, vejam bem: Sepultura e Angra tocam e cantam em inglês, mas já vi depoimentos dos membros dos grupos onde diziam que a valorização era maior, bem maior, do público estrangeiro. Aposto que o mesmo aconteceria com um cara brasuca que escrevesse uma obra primeiro em língua nativa, como o nome nativo e depois usasse um nome falos norte-americano. No 1º caso, penso eu que ele chamaria menos atenção que no segundo. É um pouco dos resquícios da era colonial, a síndrome do colonizado. E isso já está tão embutido no inconsciente coletivo que geramos uma espécie de cegueira, ou limitação.
Para finalizar, há casos onde também o que pode ocorrer não é exatamente um preconceito nacional. Por exemplo: quando Zegur diz no post que muitos leitores preferem livros de fora, por transportarem o leitor a outros lugares, vejo que muita gente o faz com relação aos livros de fantasia (ficção fantástica). Essas obras, até falo por mim, são bem quistas do público por nos levarem a outros universos, outros mundos, com outras vegetações, rios e montanhas, seres fantásticos. Já é algo do ser humano essa tendência ao escapismo da realidade, algo essencial. Além disso, quem nunca quis "viajar" e conhecer outras civilizações, outros povos, geografias e culturas diferentes da nossa? Vejo que esses livros proporcionam muito isso. Mas, por outro lado, também temos autores nacionais que trabalham muito e muito bem esse gênero. A questão parte do público e da divulgação que soterram os escribas tupiniquins.
Então é isso. Resumiria, a grosso modo, a questão em não subjugar uma vertente cultural em detrimento da outra. Pois cada uma, a seu modo, tem seus altos e baixos e tem igualmente muito a contribuir conosco. Mudar nossa mentalidade, é a questão.
"Somos independentes, mas colonizaram nossas mentes."
Outra coisa que acaba de me ocorrer é a questão da identificação. Por exemplo: eu confesso que gosto mais de literatura fantástica estrangeira do que nacional, pelo fato de que as que eu li até então terem me tocado mais em diversos contextos. Porém, há obras desse gênero no âmbito nacional que conquistaram minha preferência e passaram por cima das gringas. Como veem, é uma questão mais quantitativa do que qualificativa. Já no campo da poesia, para mim nunca haverá poesia como a brasileira, para mim é a melhor. Claro, gosto muito do Goethe, Bertolt Brecht e outros. Mas, há uma empatia maior da minha parte por Manuel Bandeira, Mario Quintana, Arnaldo Antunes... etc.
ResponderExcluirOutro exemplo é na música. Peguemos duas bandas de um estilo que gosto, o rock progressivo. No Brasil, temos Os Mutantes e em UK temos o Pink Floyd. Tanto na sonoridade como nas temáticas das letras, o Floyd me cativa mais do que Os Mutantes, por abordar questões mais existencialistas, poéticas, surreais. O inverso também ocorre em algumas canções do grupo brasileiro. É uma questão muito relativa. O lance é não soterrar a cultura nativa, como disse o Zegur.
Poh cara o artigo excelente. Sem palavras. Quer dizer, é a mais pura verdade posta ai, temos que admitir e o negócio agora é fazer alguma coisa sobre isso, não só ler e esquecer em 5 minutos. Vamos valorizar galera, vamos valorizar. Não precisa se fechar para outras culturas, para valorizar a sua própria.
ResponderExcluirParabens ao Leonardo Zegur e ao blog!
O tema é interessante e dá muuuuito pano pra cama...
ResponderExcluirEU concordo que existe uma certa ideia de que o brasileiro tende a valorizar mais o que vem de fora do que as coisas nacionais. Isso existe e é fato!
Porém não concordo com o argumento utilizado por Zegur. Eu gosto de Crepúsculo e de Harry Potter e acho que, no caso do segundo, virou ícone da literatura mundial e de fantasia. Não é só mercadológico é divertido e inteligente sim. Eu já li livros internacionais horríveis, como já li livros nacionais maravilhosos! Eu também já vi muito do contrário também... No quesito musical gosto de ambas, mas é fato que atualmente a música brasileira tem entrado num declínio sem fim. Gosto muito do rock nacional dos anos 80 e gosto muito de Skank, Jota Quest, mas não curto Michel Teló que estourou lá fora...
Agora, eu digo que eu parei com filmes nacionais. Por quê? Porque propaganda enganosa é o que há. Fui ao cinema para ver grandes "merdas" na época em que o cinema nacional conseguia sair do estigma ruim... Para mim, só vale filmes com Wagner Moura e Selton Mello... passou disso não presta.
Ou seja... livros como Um Dia, internacionais e que são capazes de te fazer refletir sobre suas decisões e escolhas e sobre sua vida, como Para Sempre Ana que é um livro nacional belíssimo e interessante. Tudo é relativo. Não dá para nos tornarmos o Policarpo Quaresma do nosso tempo! Temos que dar chance aos dois lados e curtirmos as reflexões causadas pelos dois âmbitos sem desvalorizar o outro por isso...
Oi Pessoal!
ResponderExcluirBom, vou dar minha humilde opiniao rsrsrs
Eu acho que td o que é extremista acaba, de uma forma ou de outra, sendo ruim e, sinceramente, achei o texto extremista. Por ex. o que é que tem a ver a Gisele Bündchen não ser mulata? Pra ela exaltar e divulgar a cultura brasileira deveria ser negra? Teria que ter bundao e peitao e samba no pé?
Porque infelizmente é isso que é a "cultura" no Brasil! Carnaval e futebol - só!! É triste? Sim, mas é fato!
E outra, olha só o que é que ta fazendo sucesso mundo a fora: Ai se eu te pego. Então por ser musica brasileira, devia eu ama-la? valoriza-la?
É claro que temos coisas boas por aqui (algumas otimas!) Mas é mais uma questao de bom senso, de dar OPORTUNIDADE às coisas nacionais e dps decidir se tal coisa é boa ou não.
Enfim.. essa é minha opiniao hhehehe
Beijocas
Rapha ~Doce Encanto
Policarpo Quaresma? Bem, vejo que com freqüência este texto tem sido mais interpretado pelos próprio conceitos de quem o lê que pelas palavras que trazem. Vejam, eu não critico a aceitação pela cultura estrangeira, mas a substituição da nossa. Não proponho um isolamento cultural, proponho um respeito, uma valorização a brasilidade. Querem apreciar outras culturas, então porque só a norte americana e européia? Não adianta negar, músicas de Benim, Mali, músicas holandesas, mulçumanas etc nem chegam as nossas rádios. Se quer conhecemos Los Piojos que são famosíssimos aqui na América Latina mesmo, na nossa irmã Argentina. Assim como Harry Potter tecnicamente NÃO é um fenômeno mercadológico (o que descordo), temos centenas de talento que não desabrocham no Brasil pela simples desvalorização do que é nosso. O próprio Elton citou que Sepultura e Angra dizem ter maior valorização do público estrangeiro. O Brasil é mais valorizado pelos gringos que por nós mesmos. Porque tantas empresas colocam nomes fantasias em inglês? Só porque acham bonito? Não, porque nossa língua já é quase pejorativa. Porque não escrevemos mais “descontão” na vitrine, ao invés de “50% off”? E quanto as obras literárias? Desculpe-me por gostar de estrangeiro, mas é que o nacional não presta! Dizemos. É claro que presta, só não temos a mesma estrutura de um mercado literário evoluído como o dos gringos. Sem dúvida, Para Sempre Ana, se tornaria uma referencia mundial, não somente por ser excelentes, mas se tivesse um poder de acessória de imprensa que o Harry Potter teve. Qualidade aqui também tem, tanto que tem muito escritor nacional sendo publicado na Europa. Sobre Harry Potter, só o que eu tenho a dizer é: “a propagando é a alma do negócio”. Qualquer produto pode ser recorde de vendas com uma boa assessoria (vide Michel Telo com Ai se eu te pego como citou Rapha). Pergunte a qualquer profissional de marketing. O próprio livro A Cabana, virou best-seller porque, segundo confessou mais tarde a Editora, anunciou ser um best-seller antes mesmo de ter chegado a vender 100 mil cópias. Gosto de Harry Potter, mas admito que o vejo com um fenômeno mercadológico sim. O marketing é uma força poderosa, ele consegue nos convencer de que coisas fúteis são indispensável a vida humana, como: cartão e crédito por exemplo. O mesmo acontece quanto aos filmes nacionais, dizer que são ruins é desconhecer o cinema nacional. Tem muita coisa boa sendo produzida, inclusive ganhando prêmios internacionais, mas o populacho desconhece. Quer ver filmes bons mas só assiste produção da GLOBO Filme que sai no cinema. Você já assistiu Como Nascem Os Anjos? É nacional e é um dos melhores filmes do mundo. Já assistiu o curta Amnésia? É genial, merecia o óscar. Não conseguimos que já não somos mais brasileiros legítimos, perguntamo-nos “O que é que tem haver a Gisele Bundchen não ser mulata?” Quer dizer... os europeus conseguiram mesmo colonizar até nossos princípios... Extremista é a Coréia do Sul Rapha, nós acatamos tudo quanto é cultura e quando alguém chega e diz: “Ei, vamos gostar da cultura alheia, mas sem esquecer a nossa!” Isso é ser extremista? Em fim, só quero que saibam que não sou xenófobo, até porque visito outros paises, falo outras línguas, adquiro outras culturas etc... mas nunca, nunca deixo de respeitar e valorizar a minha própria. O assunto é esse, independente de qualquer argumento: agregar sim, substituir não.
ResponderExcluirSó tenho algo a dizer sobre Harry Potter:
ExcluirEra uma vez uma trabalhadora com 3 filhos. Ela não tinha computador em casa... nem marido. Ia para uma lan house, digitava seus textos por horas e horas enquanto a filha mais nova dormia no seu colo. Assim que terminou, ela, orgulhosa, enviou seu texto para mais de 12 editoras. FOI NEGADA POR TODAS! Por fim, uma editora pequenininha, quase desconhecida, deu crédito para a autora. Sábia decisão! Por si mesmo, a estória ganhou o mundo, chamou a atenção de grandes produtores cinematográficos, bem de como grandes editoras, as mesmas que a recusaram antes...
Sim, você tem razão, a propaganda é alma do negócio. Se o livro é bom, eu leio, resenho, elogio, indico, passo adiante... Não é preciso ter uma grande empresa de marketing para isso, mas carisma, humildade e,claro, um bom texto.
Desculpe, não sou fã de Harry Potter, mas J. K. Rowlings merece respeito! Ela não foi apenas uma "montada na grana" que saiu com "marketeiros" por aí divulgando seu livro. Ela foi uma guerreira que venceu!
*Fica a dica! ;)
Eu concordo, em partes, com os argumentos apresentados pelo autor do texto. Por que em partes? Bem, vamos lá...
ResponderExcluirSim, o brasileiro tem a tendência de supervalorizar os pontos negativos do nosso país, principalmente no quesito "arte". Entretanto, caminhando para o assunto literário, o que os próprios autores fazem? "Americanizam" seus textos. É difícil pegar uma obra de um escritor nacional, bem escrita - e já falarei sobre isso - e com bom enredo, com a trama se desenrolando no Brasil. Parece "moda", mas os próprios brasileiros levam seus personagens para Londres, Madri, Roma, New York, etc.
Agora pergunto: por que não no Brasil? Acaso São Paulo não é quase uma réplica de New York? "Ah, mas eu sou de Minas Gerais, nunca estive em São Paulo", pode ser a "desculpa" de alguns. Torno a perguntar: Já esteve em New York? Se sim, por que prestigiou uma cidade de fora e não de dentro do país? Por vaidade? Por dizer que tem um carimbo no passaporte? Vaidade tola, fama inútil, como diria o delegado Irineu, personagem do livro "Para Sempre Ana" do escritor Sergio Carmach (oi, Sergito).
(Continua no próximo comentário, o blogger não me deixou postar tudo aqui...)
Voltando o assunto para a escrita. Repararam que a maioria das obras nacionais têm uma tendência a parecer estrangeira? Desde o título - já vi muitos como, sem querer ofender aos autores dos mesmos, não estou criticando o conteúdo do livro, mas os títulos, "The Burns", "Midnight", "Strange", "The Lost World", etc. - até os sobrenomes dos pseudônimos que usam.
ResponderExcluirMas, e você, Nicole? Sou Fatum por parte espanhola de mãe e Weiss por parte alemã de pai. Não é minha culpa ter nascido em berço judeu com sobrenome esquisito.
Fugi do assunto... retornando... O fato é que vemos na escrita desses autores um excesso de pronomes pessoais, revelando uma verdade: seus textos foram inspirados em obras internacionais. Como tenho certeza disso? Analise: um texto americano, por exemplo, quando traduzido, vem carregado de "ele, eles, eu, você, nós". Porque essa é a necessidade básica do idioma inglês. É preciso colocar um pronome pessoal para que o verbo tome forma. "I'm so happy... He's happy... I'll go to the work... You're need that..."
Já no nosso português, tal artifício é dispensável na maioria das orações. Porém, é aí que vemos a influência de importados no texto. Torna-se chato, enfadonho, cansativo e até imaturo ler uma obra com repetições do tipo: "Ele foi até aquela escola, vendo que todos entravam, ele ficou indeciso, ele deveria entrar? Ele não sabia". Perceberam o que quero dizer? Se tal frase viesse sob influência de um grande - e bom - escritor brasileiro, seria completamente diferente: "Ele foi até aquela escola, vendo que todos entravam, ficou indeciso, deveria fazer o mesmo? Não sabia..."
Bem, acho que falei demais. Porém, senti necessidade de deixar exposta a minha opinião a respeito do assunto. No fim, a conclusão que deixo é:
A culpa é mesmo das editoras e dos leitores? Como podemos ser tão hipócritas e gritar aos quatro ventos que nosso talento não é reconhecido, se nós mesmos o negamos? Vamos parar de "americanizar" nossas obras, retirar os títulos em inglês, assumir nossos nomes e sobrenomes e, principalmente, trazer nossos personagens de volta para o Brasil. Que façam uma breve viagem... Mas chega de Londres, New York, Madri... Temos Bariloche - linda por sinal -, exóticas cidades cubanas, o outro lado do mundo, as lindas colinas de Petra, a terra de Israel é maravilhosa! O Oriente Médio é lindo. O continente africano, pai das nossas verdadeiras raízes, tem uma mitologia fantástica... a gama de abordagens paradisíacas é enorme!
E, para encerrar o assunto, mais um "tabefe" literário: Vamos parar de falar em escritores do passado. Quando um autor é chamado para uma entrevista, enche a boca para citar Machado de Assis, Luís de Camões, Camilo Castello Branco, Jorge Amado... entretanto, quando lemos as obras desse mesmo autor, temos a impressão de que Machado de Assis nunca esteve em sua estante... Parem com isso. Vamos citar novas - e excelentes - feras da literatura nacional. Marcia Rubim, Lycia Barros, Sergio Carmach, Leonardo Born, Lu Piras, Rafael Dracco, estes são alguns escritores inteligentes, exímios, com obras que beiram a perfeição. "Deixe que os mortos descansem em paz". Exalte os vivos, os que estão aqui e que merecem o destaque do momento.
Se minha opinião vai ser lida, aceita ou criticada, não me importo. Isso é tudo o que penso e, hão de concordar, uma tremenda verdade!
No mais, parabenizo Leonardo Zegur pela coragem e ao Sergio pelo espaço cedido. Pude constatar que não sou a única a ter esse tipo de pensamento a respeito da desvalorização do material nacional.
Um grande abraço!
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ResponderExcluirCat, não quis dizer que uma estória de um autor nacional não se pode passar no Brasil, devo ter me expressado mal em relação a isso. O que eu tentei explicar é que não aguento mais viajar pra Londres, Roma, Madri e New York em todos os livros nacionais. Conforme citei, há outros cantos do mundo que podem ser explorados, como a própria Alemanha (sendo judia, tenho paúra só de pensar nesse país). Eu gostaria de ler um enredo que se passa no Oriente Médio, na África, na Argentina, em qualquer outro lugar do mundo... pode ser até no Polo Norte!!! kkkkkkkkkkkk
ExcluirNiki, você não se expressou mal.
ResponderExcluirEntendi o que você quis dizer, mas é que infelizmente algumas pessoas acham que brasileiro é tão incompetente, que ele só deve escrever histórias no ambiente brazuca.
Mas quando é um estrangeiro que faz uma história fora de seu país todo mundo aplaude.
"Enquanto lá fora se veste de forma cada vez mais abrasileirada,"
ResponderExcluirEsse cara nao sabe de nada nao sei de onde ele tirou essa besteira.
Skank é muito ruim, puts. Mas eu não sei qual o problema em não ser patriota. Todo patriotismo é caquético... E, sem sombra de dúvida, ser brasileiro é uma coisa que ninguém devia fazer. Ainda mais com esse governo.
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