O espremedor de colhões
O espremedor de colhões é um conto de Bukowski que todos deveriam ler. Nele, uma máquina (a sociedade) que esmaga os colhões (as convicções) transforma a pessoa em uma acéfala seguidora do senso comum. Trecho do conto, após o personagem Barney ter suas bolas esmagadas:
-Barney, quais são os teus ídolos?
- Bom, deixa eu ver... Cleaver, Dillinger, Che, Malcolm X, Gandhi, Jersey Joe Walcott, "Grandma" Barker, Fidel Castro, Van Gogh, François Villon, Hemingway.
- Viu, ele se identifica com todos os derrotados. Assim ele se sente bem. Tá se preparando pra perder a jogada. Pode contar com a nossa ajuda. Foi logrado com esse papo de alma e é desse modo que a gente prende o rabo deles. Alma não existe. É pura cascata. Não existem ídolos. É tudo onda. Não existe ninguém vitorioso na vida. É pura cascata, papo furado. Não há santos nem gênios. Tudo não passa de conversa mole pra boi dormir, conto da carochinha, só pro jogo continuar. Cada homem se esforça pra sobreviver e ter sorte – se puder. O resto não dá pra engolir.
- Tá bom, tá bom, já saquei o que você quer dizer! (...)
- Vão tomar no cu, vocês dois! Eu gosto de quem eu quiser! – protesta Barney Anderson.
- Barney, quando o cara não tem onde cair morto, e tá encurralado, faminto e cansado, ele é capaz de chupar pica, mamica, e até de comer bosta pra poder continuar vivo; ou se conforma ou se suicida. A raça humana não tá com nada, rapaz, não é flor que se cheire.
Genial, não?
Nenhum comentário:
Postar um comentário