Resenha: 90 Anos Antes

Livro de Márcia Abreu

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David Andrews e Elizabeth Evans, ambos vampiros, apaixonam-se após ela ser encontrada vagando pela floresta na qual ele mora com seus companheiros. Em 1901, com o casamento do casal já marcado, um vingativo desafeto de Elizabeth surge inesperadamente, matando a moça. Arrasado, David passa a viver uma existência vampírica e melancólica – meio vivo, meio morto – por 90 anos, quando o destino coloca novamente Elizabeth em sua vida, reencarnada na pele de outra mulher, Elise.

Esse primeiro volume da série Renascer é um livro com características totalmente opostas ao último nacional resenhado no blog, Brahnac. O texto de Márcia Abreu é simples e direto, com uma trama sem maiores complexidades (isso não está sendo colocado para classificá-lo como bom ou ruim, mas apenas para dar uma ideia ao leitor do tipo de narrativa que ele encontrará). Na essência, 90 Anos Antes traz a história de amor eterno de David e Elizabeth, duas almas que parecem ter sido criadas para viver unidas para sempre, não importando o que aconteça em suas vidas. Márcia lançou mão do kardecismo, uma novidade em se tratando de histórias vampíricas, para construir uma realidade em que os destinos dos protagonistas estarão incessantemente entrelaçados. O romance vivido pelo casal tem contornos claramente adolescentes e o protagonista é pintado com ares de príncipe encantado, particularidades que agradarão em cheio ao público jovem feminino.

Um aparte desagradável: independentemente de gostar ou não do livro, o leitor pode ficar desgostoso, e até mesmo aborrecido, com alguns detalhes. Dois deles, presentes por culpa da editora, podem ser citados de cara: 1) a sinopse original (e mesmo a modificada, no topo desta postagem) é um spoiler por si só, resumindo quase tudo o que há de relevante no livro, praticamente só sobrando ao leitor viver as emoções daquilo que já sabe estar por vir (as editoras pequenas ainda precisam aprender muito sobre como fazer sinopses instigantes sem revelar enormes porções da história); 2) a revisão ruim – algo irritantemente frequente na nova literatura nacional – prejudica a qualidade do texto.

Apesar de a sinopse estragar muitas surpresas (detalhes sobre a mulher misteriosa da floresta; a aparição do desafeto de Elizabeth e consequente execução da moça; o surgimento de Elise como reencarnação da vampira morta em 1901), ainda sobram alguns mistérios para serem resolvidos, como os que giram em torno do livro vermelho de Elizabeth e da identidade de uma tal srta. Andrews, que, de qualquer forma, não são revelados nesse primeiro volume. Para quem ainda não leu 90 Anos Antes e odeia antecipações sobre uma história, segue um conselho: evite as resenhas sobre o livro, pois algumas delas acabam por aniquilar o resto de surpresas que a sinopse ainda não havia assassinado.

Falando-se apenas da história em si, a conclusão é que 90 Anos Antes vale a pena ser lido, principalmente pelo público jovem, pois, além de trazer uma trama com novidades interessantes, possui uma narrativa com doses certas de descontração e sobriedade, situações cotidianas que tornam a leitura prazerosa e personagens com os quais o leitor certamente irá se identificar (dentre os vampiros com quem David convive como “irmão” em uma casa na floresta, destaque-se a irrequieta e engraçada Etienne, que pode verdadeiramente ser chamada de “amiga para todas as horas”).

É isso aí! Não deixem de ler!

Valorize o escritor brasileiro!
Um grande abraço!