Livro de Marco Antonio Rodrigues
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Perspicácia não conta histórias. É um livro de ideias, que, como tal, acaba instigando o leitor a uma tomada constante de posição. Com certeza, ele concordará com alguns pensamentos do autor, discordará de outros e refletirá sobre os demais. E a expectativa de saber qual dessas três reações brotará ao final de cada conto é o que torna a leitura extremamente prazerosa. Eu, por exemplo, divergi completamente do que prega Marco Antonio em Royalties, senti profunda empatia pelo texto de Irresponsável Ajuda – no qual se lê “A responsabilidade tem de estar em todas as minhas atitudes. Contribuir para atrofiar o próximo é algo bizarro e mesquinho, principalmente quando essa atrofia é causada pelo funesto prazer de massagear meu ego” – e parei para pensar fundo após ler Abstração Concreta, tentando entender se o enunciado supostamente pretendido pelo autor se harmoniza com velhos pensamentos meus. Nesse conto, Marco Antonio brilhantemente escreve: “Quando eu compreender melhor os fios invisíveis que influenciam minha vontade, compreenderei melhor o porquê da incompreensão desse complexo sistema sem vida que comanda o ser animado.” Independentemente do que ele quis passar, tal frase dá margem a mil reflexões. Por isso é importante ler Perspicácia com calma. Só assim pode-se extrair o máximo de suas mensagens. E Marco Antonio ajuda o leitor nesse exercício, colocando ao final de cada conto um verbo que sagazmente o sintetiza.
O autor transita por vários temas – como religião, hipocrisia, injustiça, verdades particulares, vaidade, ecologia etc. – parecendo-se muitas vezes com um crítico do ser humano. Em determinados momentos, traz conselhos sábios, como em A Porca Emperrada, texto que, de forma inteligente, conclama a hábitos saudáveis. Marco Antonio também utiliza o recurso da alegoria, como em Embarque e Desembarque, onde os bairros representam as fases da vida e os ônibus, o elo entre elas. Nesse mesmo conto, porém, surge uma característica negativa (a meu ver) recorrente em Perspicácia: a pregação kardecista subliminar. O final de Embarque e Desembarque, por exemplo, sugere a reencarnação. Outros contos falam de livre-arbítrio e espiritualidade. Em certos pontos, o livro chama quase à resignação, à aceitação da dor como forma de crescer, conceito muito presente na obra de Kardec. Essa insistência parece querer converter o leitor. Mas, em Passagem de Volta, Marco Antonio se redime. Ele fala de fé com uma abordagem incrível. Vale a pena conferir nesse conto o lado realmente perspicaz do autor.
Entre altos e baixos, Perspicácia pode ser considerado um ótimo livro. Ele tem um tom de autoajuda em determinados trechos, mas soa filosófico em outros, como em Contradição. De uma forma geral, chama à reflexão, à solidariedade e ao autoquestionamento. Quem o ler de cabeça aberta viverá uma experiência única e diferente. Aliás, uma frase simples do livro é perfeita para fazer com que os leitores acostumados a outros estilos literários queiram conhecer Perspicácia. Diz o autor:
“Não te apoquentes quando estiveres diante de uma proposta diferente daquela a que te acostumaste.”
Assino embaixo. Não deixe de ler livros só porque eles parecem fora do padrão usual. Fazendo isso, você pode estar se privando de grandes prazeres e de incríveis descobertas.
Valorize o escritor brasileiro!
Um grande abraço!
Eu já estava de olho nesse livro, e agora li mais uma resenha especial e com muitos elogios, que me deixou realmente instigada.
ResponderExcluirComo eu já havia comentado no blog da Catalina, nunca vi o livro do Marco como uma autoajuda, mas como um compêndio de contos.
Parabéns pela resenha, por valorizar mais um talento nacional e pelo site, sempre com boas dicas.
Ao Marco, o autor de Perspicácia, todo sucesso e meus parabéns pela obra!
Sinto-me verdadeiramente feliz com a resenha tecida pelo Sergio e agora muito lisonjeado com o comentário da querida Niki Weiss.
ExcluirMuito obrigado.
Marco Antonio Rodrigues.
Um dos meus contos favoritos foi Embarque e desembarque, mesmo com o toque espirita. A maneira como o autor narra as fases da nossa vida foi o que mais gostei.
ResponderExcluirÓtima resenha!
Olá Catalina. Fiquei muito feliz por inaugurar sua inovação literária. Sua resenha foi como humos para planta recém germinada.
ExcluirSinto-em honrado por "Perspicácia" ter passado com exito por seu crivo.
Abraço.
Marco Antonio Rodrigues.
Nesse mundo tão corrido e cheio de coisas ruins acontecendo este livro parece ser uma forma de compreender e viver melhor. Estou adorando as resenhas daqui, adorei conhecer esse blog.
ResponderExcluirOlá Fernanda, Fico contente que esteja gostando das resenhas. A proposta do trabalho é realmente tirar - mesmo que por breves instantes - o leitor do hipinótico estado do "Ter" que o as grandes metrópoles, as grandes nações vem impondo aos seus habitantes.
ResponderExcluirVisite a página do livro no face!
O blog do Sergio é super aconchegante e transado.
Abraço.
Marco Antonio Rodrigues.
Oi Sergio.
ResponderExcluirParabéns pela resenha...você conseguiu passar todos os sentimentos do livro para a sua resenha.
Beijokas!