25/10/2011

Amigos do Idi: homônimos e parônimos

Parece, mas não é

Continue a somar pontos para levar a gramática do Bechara.

Neste post, temos:
1) Uma exposição sobre o assunto "homônimos e parônimos";
2) Mais perguntas que valem pontos para conquistar uma gramática;
3) Respostas das perguntas sobre o tema “Ambiguidade”;
4) Pontos que os participantes somaram até agora.

Eu decidi abordar o tema “homonímia/paronímia” no Amigos do Idi porque tenho visto diversos resenhistas com essa dificuldade gramatical. Vejam, por exemplo, a frase abaixo:

Li um livro que trás um enredo incrível.

Muitos podem achar que não há nada de errado com ela, mas pergunto: o que a palavra “trás” (que só pode ser advérbio ou preposição) está fazendo no lugar de “traz” (verbo “trazer” conjugado na terceira pessoa do presente do indicativo)? Na verdade, a frase acima deveria ser escrita assim:

Li um livro que traz um enredo incrível.

O engano ocorre porque as duas palavras (“trás” e “traz”) são homônimas, mais precisamente, homônimas homófonas.

Mas vamos por partes.

Como dito no título, temos homônimos e parônimos.

Os homônimos se dividem em:

-Homófonos: palavras com o mesmo som, mas de grafias diferentes. Exemplos: trás/traz; cessão/seção/sessão; empossar/empoçar; conserto/concerto; coser/cozer; expiar/espiar; tenção/tensão.

-Homógrafos: palavras com a mesma grafia, mas de sons diferentes. Exemplos: colher (talher)/colher (fazer a colheita); sede (lugar: sede do clube)/sede (vontade de tomar água); jogo (um brinquedo)/jogo (verbo “jogar” conjugado na primeira pessoa do presente do indicativo).

Determinados homógrafos podem induzir quem escreve a acentuações equivocadas. Exemplo: A séde do governo foi invadida.

-Homônimos perfeitos: palavras com o mesmo som e a mesma grafia. Exemplos: casa (lugar em que se mora)/casa (verbo “casar” conjugado na terceira pessoa do presente do indicativo); para (preposição)/para (verbo “parar” conjugado na terceira pessoa do presente do indicativo).

Assim como os homógrafos, homônimos perfeitos também podem levar a erros na acentuação. Exemplo: Ele sempre pára o carro sobre a faixa de pedestres.

Mas o grande terror dos escritores amadores são mesmo os parônimos (palavras/expressões com sons ou grafias parecidas). Duas constantemente trocadas – inclusive em filmes e novelas – são “mandato” (procuração, como a que é dada a um advogado) e “mandado” (ordem de uma autoridade). Chega a ser engraçado quando um policial (ator) enche a boca para dizer: “Tenho um mandato do juiz para fazer uma busca em sua casa.” Dá até vontade de responder: “Você é mesmo um pau-mandato!”

Vemos também muita confusão no uso dos parônimos “em vez de” (no lugar de) e “ao invés de” (ao contrário de). Para saber usar os dois é preciso certa percepção. Veja as duas frases:

1) Em vez de comprar dois livros, comprei quatro.
Nesse caso, não há uma contradição entre o que eu ia fazer e o que eu fiz, mas uma substituição. Então, usa-se “em vez de”.

2) Ao invés de comprar dois livros, joguei fora quatro.
Nesse caso, há uma contradição entre o que eu ia fazer e o que eu fiz. Então, usa-se “ao invés de”.

Concorra a esta gramática!
Mais algumas palavras/expressões parônimas, dentre diversas outras, que dão nó na cabeça de muita gente: “despensa” (compartimento) e “dispensa” (liberação de um dever); “emergir” (vir à tona) e “imergir” (mergulhar); “descriminar” (descrever) e “discriminar” (tratar alguém de modo diferente dos demais, prejudicando-o); “a fim (de)” (com a finalidade de) e “afim” (que tem afinidade); “emitir” (expedir) e “imitir” (fazer entrar, como na Ação de Imissão na Posse); “arrear” (colocar arreios) e “arriar” (abaixar); “cumprimento” (saudação) e “comprimento” (extensão); “auferir” (receber) e “aferir” (medir); “acerca de” (a respeito de), “a cerca de” (a uma distância aproximada de) e “há cerca de” (faz aproximadamente). Aliás, fazendo um aparte, tenho observado muitos blogueiros escrevendo “a cinco anos” (o correto é “há cinco anos”) e “há dois meses atrás” (isso é um pleonasmo. O correto é simplesmente “há dois meses”).

E quem quiser somar mais pontos para conquistar uma gramática atualizada do Bechara basta resolver as questões abaixo (lembrando que: 1 acerto vale 1 ponto; 1 erro vale -1 ponto; uma resposta não dada vale 0 ponto):

Muitas pessoas confundem o emprego de “por que”, “por quê”, “porque” e “porquê”. Você sabe quando empregar cada uma dessas opções? Se sim, complete as frases abaixo (esses pontos estão dados, hein!):

1) _______ os alunos não foram à escola hoje?
2) Os alunos não foram à escola hoje _______?
3) Não sabemos o _______ de os alunos não terem ido à escola hoje.
4) Os alunos não foram à escola hoje _______ choveu forte.

Respostas do post anterior:

1- Há ambiguidade na frase abaixo. Diga as três interpretações que podemos dar a ela (sem alterar nada na frase):
"O restaurante enviou uma pizza à francesa sem sal."

Em vez de três, darei quatro interpretações:
1- À francesa sem graça, o restaurante enviou uma pizza.
2- À francesa, o restaurante enviou uma pizza sem sal.
3- O restaurante enviou uma pizza sem sal à moda francesa (sabor da pizza).
4- O restaurante enviou uma pizza sem sal cortada à francesa (cortada em pequenos quadrados).

2- A frase abaixo está ambígua:
"O leão a leoa expulsou."
Afinal, quem expulsou quem?
a) Faça com que a frase deixe claro que o expulso foi o leão:
b) Faça com que a frase deixe claro que a expulsa foi a leoa:
Regra: o sujeito e o objeto direto não podem ser deslocados de suas posições.

Basta colocar a preposição “a” para determinar quem foi expulso.
Se o expulso foi o leão: "Ao leão a leoa expulsou."
Se a expulsa foi a leoa: "O leão à leoa expulsou."

Pontos somados pelos participantes até o momento:
*Sa*: 13 pontos
Joelma Alves: 8 pontos
Anaísa: 4 pontos
Radige Hanna: 4 pontos

Um grande abraço!

3 comentários:

  1. Só para exercitar...

    1) Por que os alunos não foram à escola hoje?
    2) Os alunos não foram à escola hoje por quê?
    3) Não sabemos o porquê de os alunos não terem ido à escola hoje.
    4) Os alunos não foram à escola hoje porque choveu forte.

    ResponderExcluir
  2. Muitas pessoas confundem o emprego de “por que”, “por quê”, “porque” e “porquê”. Você sabe quando empregar cada uma dessas opções? Se sim, complete as frases abaixo (esses pontos estão dados, hein!):

    1) Por que os alunos não foram à escola hoje?
    2) Os alunos não foram à escola hoje por quê?
    3) Não sabemos o porquê de os alunos não terem ido à escola hoje.
    4) Os alunos não foram à escola hoje porque choveu forte.


    Adorei esta brincadeira!!! Brincadeira no bom sentido, porque Língua Portuguesa é coisa séria)
    Abçs,
    Cármen Machado

    ResponderExcluir
  3. 1) Por que os alunos não foram à escola hoje?

    2) Os alunos não foram à escola hoje por quê?

    3) Não sabemos o porquê de os alunos não terem ido à escola hoje.

    4) Os alunos não foram à escola hoje porque choveu forte.

    ResponderExcluir

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