20/05/2015

O Sol Também se Levanta

Um livro para amar ou odiar



Uma sinopse razoável pode ser encontrada na contracapa do DVD de E Agora Brilha o Sol, filme inspirado em O Sol Também se Levanta.

Esse livro do Hemingway parece ser do tipo “ame-o ou odeie-o”. Enquanto uns bradam a suposta genialidade do texto, outros afirmam que ele não passa de um nada literário. Quem sabe o maior mérito da obra seja mesmo essa capacidade de gerar opiniões tão opostas nos leitores... Pode ser, não sei... Só sei que faço parte do segundo grupo, o dos que a acharam uma chatice sem fim. O livro começa sem rumo, segue sem rumo e, apenas no finalzinho, surge um rasgo de trama, quando a disputa pela moderninha Brett, que parece despertar a paixão de todos os personagens masculinos, deixa de ser velada. A narrativa das touradas também é interessante (a despeito do desprezo que tenho por eventos que maltratam animais); o autor mostra que sabe descrever cenas de ação com cores vivas. Mas nada disso fez valer a pena a leitura, que terminei por pura teimosia. Para aqueles que discordam e acharam o livro brilhante, deixo aqui alguns exemplos de livros que realmente achei geniais: Cem Anos de Solidão e O Amor nos Tempos do Cólera, de Gabriel García Márquez; A Peste e O Estrangeiro, de Albert Camus. Este último, a propósito, também gera muita controvérsia entre os leitores :)

16/05/2015

Fui uma Boa Menina?

Para leitores pouco exigentes



Através de seu diário, uma adolescente fora do comum escreve sobre seus dramas e conflitos familiares, corriqueiros e ao mesmo tempo excepcionais. A narrativa tenta envolver o leitor com suspense e um toque de fantasia.

Se eu fosse adjetivar o texto da Carolina em uma palavra, esta seria: infantil. Na verdade, muito infantil. Não sei se ando mais exigente por estar lendo um livro de contos excepcional – A Linha Tênue, de Rubem Cabral – mas fato é que achei o texto da Carolina extremamente imaturo, em todos os sentidos. Escrever contos é uma arte difícil, não é para qualquer um. Certa vez, escrevi em um prefácio:

"Entendi que o contista é um ser notável, pois, na ação de suas histórias, ele está adstrito a universos reduzidos – já que a narrativa nesse estilo literário costuma ater-se a um único fragmento existencial dos personagens, a um único drama em especial, a um único momento definido no tempo – limitação só vencida por uma pena criativa, capaz de conferir um lirismo (igualmente único) às palavras, de elevar a simplicidade a dimensões inimagináveis, de conceder auras oníricas a situações cotidianas e de fazer do clímax dramático um instante intenso e mágico, tudo com o objetivo de arrebatar o leitor de maneira singular, o que remete à célebre e arguta frase do contista argentino Julio Cortázar: 'No combate entre um texto e seu leitor, o romance sempre vence por pontos, enquanto o conto deve vencer por nocaute.' "

Pois é... No conto da Carolina, essas qualidades não existem. Tudo pareceu muito óbvio e bobinho. Além disso, talvez a autora tenha tentado escrever um conto como quem escreve um romance. Aí não dá certo mesmo... Não fui, enfim, nocauteado (pelo menos não no bom sentido).

Valorize o escritor brasileiro!
Um grande abraço!

12/05/2015

Resenha: O Estrangeiro

Livro de Albert Camus



Neste livro, o escritor e filósofo argelino Albert Camus, ganhador do Prêmio Nobel de Literatura em 1957, narra a história de Mersault, homem aparentemente insensível levado a julgamento após matar um árabe.

A sociedade toma por base o sistema de crenças e as manifestações exteriores de um indivíduo para julgar seu caráter, intenções e sentimentos.

A despeito das inúmeras e profundas análises já feitas a respeito desse livro, eu diria que O Estrangeiro basicamente afirma a frase acima.

Alguns dizem que esse livro é superestimado; outros afirmam que é uma das melhores obras já escritas. Bem, eu gostei. Bastante até! Não porque a história é aclamada, mas porque ela, de forma interessante e inteligente, leva o leitor a fazer indagações relevantes. Eu me perguntei: é um homem como o protagonista Mersault que se faz estrangeiro ou é a terra que se faz estranha a ele? Quem precisa compreender quem? Seria Mersault um ser insensível ou simplesmente sereno frente à vida? Na verdade, insensíveis não seriam as sociedades, acostumadas a esmagar os indivíduos sob seus padrões e convenções?

O livro se divide em duas partes. A primeira é essencialmente uma narrativa factual; e o leitor pode até se sentir lendo um relatório. Mas, seja como for, nada ali é dito à toa. Cada mínimo movimento de Mersault e cada situação vivida por ele serão lembrados e analisados na segunda parte, trecho do livro onde o leitor encontrará a "ação" da história e o espírito filosófico de Camus.
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