02/10/2011

Resenha da May: Sussurro

Livro de Becca Fitzpatrick


Estamos vivendo um novo fenômeno no campo literário. A tendência agora são livros com capas em escala de cinza ou pretas, com um objeto colorido que transmite um significado profundo em destaque e um título impactante (geralmente constituído apenas por uma palavra que nos provoca um olhar dramático). Além de capas similares, esses livros também apresentam um conteúdo similar. É como se tivessem descoberto a nova fórmula do sucesso, e ela é bem simples: Garoto não-humano-fantástico se apaixona por Garota normal-que-não-é-tão-normal-quase-sem-sal. Garota normal-que-não-é-tão-normal-quase-sem-sal sente uma mistura de atração, amor e medo por Garoto não-humano-fantástico. Eles ficam juntos. A turma não-humana-fantástica malvada da mesma espécie do Garoto não-humano-fantástico quer matar a Garota normal-que-não-é-tão-normal-quase-sem-sal. Eles lutam. A normal-que-não-é-tão-normal-quase-sem-sal e o não-humano-fantástico triunfam e ficam juntos podendo desfrutar de todo o amor que lhes foi concedido. Simples assim, exatamente assim.

Essa nova “espécie” de livro ao mesmo tempo em que fascina alguns, inflama o ódio em outros. Eu sou um meio termo entre os dois, mas confesso que depois de “Marcada” tenho uma ligeira inclinação para o ódio. Eu não consigo entender essa nova tendência com um certo apelo gótico adolescente! Por que o top agora é um clichê repetitivo e enjoativo? Por que tudo parece um plágio? Por que a história que faz sucesso contém como personagens principais um ser fantástico e perfeito e uma humana normal que tem um grande potencial escondido? Por que raios agora existem Team Beltrano x Team Sicrano pipocando em todos os cantos do mundo? Sério, isso só serve para mostrar como o povo está realmente bitolado. E eu estava mais feliz sem saber que estamos condenados.

Becca Fitzpatrick
Quando peguei “Sussurro” para ler esperava o mais do mesmo de sempre. A sinopse já o havia colocado na minha listinha negra e me deixou pensando em como fazer uma resenha mal humorada acabando com o livro. Depois dos 40 segundos de espera para o download, comecei minha leitura. Para minha surpresa o prefácio foi animador. Porém o primeiro capítulo acabou com meu humor, quase desisti da leitura, mas como estava sem nada para fazer, prossegui. Sorte minha ter tomado essa decisão.

“Sussurro” é um livro muito bom, o tema abordado não havia sido explorado em outros livros do gênero. Fitzpatrick conseguiu transformar anjos em realidade. O único problema é que a todo momento você tem aquela impressão de já ter visto aquilo em algum outro lugar. Não, não estou falando que ele é uma cópia descarada de “Crepúsculo”, não mesmo, apenas acho que algumas semelhanças são inegáveis. Um bom exemplo é que o encontro decisivo entre as personagens acontece na aula de biologia, isso até me faz pensar que essa aula é um tipo de “Par Perfeito” americano. Está solteira e à procura de um cara incrível? Tenha aula de biologia em uma escola pública norte-americana, seu parceiro de laboratório será seu futuro marido. Minha passagem para os EUA já está comprada e a minha matrícula feita!

Apesar disso, à medida que a história avança ela vai criando uma característica marcante, uma identidade, e fica meio difícil fazer grandes comparações. O clima de mistério é envolvente, eu me vi especulando quem era o perseguidor de Nora, prendendo a respiração em alguns momentos. O final e as explicações dadas pelos acontecimentos são excelentes e surpreendentes. A autora consegue prender a atenção do leitor com maestria.

Os personagens criados por Fitzpatrick são bons, densos, apesar de alguns estereótipos. Digamos que Vee é um pouco vulgar demais e Marcie Millar é uma personagem um tanto previsível. Porém a autora construiu o “herói” do livro de uma maneira espetacular! Patch não é perfeito, não é grudento, é tudo na medida certa. É impossível você não torcer por ele, não negar mentalmente que ele seja o “malvado” da história. O casal de “Sussurro” é muito bem elaborado.

Não deixe que o comportamento de fãs alienadas o afaste de uma boa leitura
“Sussurro” é um livro de linguagem simples e rápida, uma leitura que mantém um ritmo gostoso e que te prende quase do início ao fim. É impossível terminar o primeiro livro e não querer ler o mais rápido possível a continuação da série “Hush, Hush”. Infelizmente, aqueles que possuem um ódio mortal contra qualquer livro que lembre levemente o fenômeno “Crepúsculo”, e que tenha o mesmo efeito que a história do vampiro brilhante em algumas fãs alienadas, vão odiar o livro do começo ao fim. Talvez mais por conta de um preconceito, e de ser modinha repudiar o que é modinha, do que pelo livro em si. Afinal, “Sussurro” tem uma história boa, é uma leitura divertida. Não espere por nenhum Shakespeare, espere somente por um livro bom em meio a tempos negros na literatura.

3 comentários:

  1. Tenho uma vontade enorme de ler "Sussurro" e ainda vou ler. Só estou aguardando o momento certo. Quero ler os dois livros.
    Essa é a única série com a temática da "moda" que de fato me interessa. Fiquei intrigada com a sinopse na época e, depois de ler a resenha, fiquei mais entusiasmada ainda pra ler o qto antes.

    Bjs ;)

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  2. Bem, capa muito me atrai, mesmo desprovida de cores.
    Tenho vontade de ler Sussurro e a série toda, entretanto, no momento, sem chances... Tantos livros a ler e resenhar, mas ficará para o futuro.

    cheirinhos
    rudy

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  3. "Talvez mais por conta de um preconceito, e de ser modinha repudiar o que é modinha, do que pelo livro em si."

    AMEI!!! Obrigada por escrever tudo o que eu penso a respeito dessas pessoas que se acham as corretas porque odiaram um livro... eu não gosto muito desse tipo de pessoa (e confesso que Marcada me deixou com muita raiva tbm)

    E eu precisava ler uma resenha como a sua a respeito desse livro. Já anotei então na minha listinha de livros para ler assim que terminar o Mestrado. =)

    bjs

    Sa
    http://mundo-sa.blogspot.com

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